Sementes de esperança: Nutrindo o movimento agroflorestal na Caatinga Brasileira
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A Fazenda Xique-Xique, localizada em São Lourenço do Piauí, no nordeste do Brasil, está presente nossa família há gerações. Em janeiro de 2016, meu irmão Gean e eu embarcamos em uma jornada transformadora para introduzir um sistema agroflorestal em nossas terras.
Anteriormente, nossa fazenda dependia de métodos de cultivo convencionais, que infelizmente levaram à degradação de nossos solos. Nossa mudança para um modelo agrícola mais sustentável e regenerativo tem sido um processo gradual e experimental, repleto de lições valiosas ao longo do caminho.
Na foto, você pode ver a diversidade vibrante do nosso sistema agroflorestal (SAF) como ele está hoje, uma prova do nosso compromisso de cultivar a terra e promover a biodiversidade.
Um registro de novembro de 2017, marcando exatamente um ano desde a implementação do nosso sistema agroflorestal. Os primeiros anos dessa jornada foram incrivelmente enriquecedores, repletos de lições valiosas aprendidas por meio da abordagem prática de tentativa e erro.
Poda em nossa agrofloresta em 2018, em nosso segundo ano de transição para práticas sustentáveis. A imagem captura um momento de poda da Gliricidia, uma planta leguminosa que prosperou em nosso sistema agroflorestal. A Gliricidia tem um grande potencial de produção de biomassa, que serve tanto como cobertura do solo quanto como alimentação para os nossos animais.
Uma área de nosso sistema agroflorestal sendo manejada em 2019. A área havia acabado de passar por uma poda, com toda a biomassa incorporada ao solo para enriquecê-lo e ativá-lo. Entre as linhas de árvores, podemos ver espécies frutíferas como bananas, abacaxis, laranjas e seriguela, contribuindo para a diversidade e a produtividade de nossa fazenda.
Em 2020, colhemos os frutos de nosso trabalho, como mostra a foto em que meu irmão Gean exibe com orgulho a biodiversidade que alcançamos em quatro anos de cultivo de nosso sistema agroflorestal. A essa altura, nosso projeto havia florescido para incluir plantas como a palma, uma espécie de cactácea selecionada por sua capacidade de melhorar a estrutura do solo com suas extensas raízes superficiais. Além de servir como biomassa para a cobertura do solo, a palma também atua como um reservatório, fornecendo água durante os períodos mais secos devido ao conteúdo significativo de água em seus cladódios.
Nosso projeto conta com uma rica variedade de frutas, tanto exógenas, como banana, abacaxi, aloe e cana-de-açúcar, quanto nativas, como aroeira, umbuzeiro, jucá e angico-de-bezerro, que povoam os estratos arbóreos intermediários e emergentes. A inclusão de árvores nativas tem importância significativa para a regeneração de nossas áreas de Caatinga, pois algumas dessas espécies se tornaram escassas em nosso bioma devido à superexploração da fauna nativa para a fins madereiros.
Em 2020, testemunhamos a diversificação de nosso sistema agroflorestal, exemplificado na imagem por um bosque vibrante repleto de biodiversidade. Aqui, encontramos uma mistura harmoniosa de espécies, incluindo palma, mandioca, banana, gliricidia, moringa e urucum. A planta do urucum, em particular, é valorizada por seu uso na produção de um corante vegetal, tradicionalmente empregado como tempero.
Em 2022, realizamos a poda e o plantio de novas espécies, como mostra a imagem. O processo envolveu a colocação cuidadosa do material resultante da poda de gramíneas, plantas lenhosas e leguminosas para cobrir totalmente o solo. Essa prática de cobertura vegetal cria um ambiente favorável para o desenvolvimento de novas mudas de árvores. Graças a esses esforços, nosso solo agora tem bastante matéria orgânica, o que favorece o crescimento de árvores frutíferas saudáveis.
Nosso SAF e seus estratos em 2023, após uma poda que possibilitou observar a condição de solo já totalmente coberto com árvores, cactos e capins.
Hoje, em 2024, nossa agrofloresta prospera com notável biodiversidade, apresentando excelente cobertura de solo e uma rica variedade de plantas herbáceas, arbustos e árvores. Entre nossas árvores frutíferas, que agora dão frutos em abundância e fornecem ampla forragem, estão espécies como aroeira, pau ferro, sabiá, umbuzeiro, gliricídia e moringa, que contribuem para criar um microclima benéfico em nossa fazenda. Entre os arbustos, destacamos espécies como maniçoba, camaratuba, jurema, leucena, feijão-bravo, flor-de-seda e cunhã, que servem de forragem para o estrato inferior. Nosso cultivo se estende também a outras espécies frutíferas, incluindo caju, acerola, goiaba, limão, pitaiaiás, laranja, seriguela, umbu, amora, entre muitas outras, que se somam à abundante rede de vida que cultivamos.
Esta foto panorâmica captura nosso sistema agroflorestal em 2024, mostrando a transformação da área inicial onde as práticas sustentáveis foram implementadas pela primeira vez em 2017. Aqui, vemos uma cobertura robusta do solo e uma rica diversidade de espécies que prosperam em todos os estratos florestais.
Nesse ano, vemos desenvolvendo mais plantas frutíferas, como é o caso do mamoeiro, demonstrado na imagem em todo seu vigor.
Nessa nova extensão, testemunhamos o surgimento de culturas vitais como a palma, a babosa, e outras espécies nativas. A palma, em particular, desempenha um papel crucial na cobertura do solo. À medida que expandimos nosso sistema agroflorestal para novos territórios, enriquecer o solo com biomassa continua sendo uma tarefa meticulosa que realizamos com cuidado.
Nosso objetivo é expandir ainda mais nossa iniciativa agroflorestal estabelecendo uma nova área para o plantio de culturas anuais e árvores. Elas não apenas produzirão biomassa, mas também fornecerão cobertura essencial ao solo. Fique atento aos próximos capítulos de nossa jornada!